Autor: Samuca Luna

Luas nuas entre sóis despidos Não despertam algoritmos Interessados tão somente em carnes pálidas De meninas loiras e fálicas Dessa enorme geração de iludidos

Eu sou o inverso do avesso do contrário Partícula particularmente indivisível Metade mais ou menos monótona O dobro do dobrável e impermeável medo de existir

Eu varri uma dor para debaixo do tapete Escovei um amor e lustrei um sentimento Eu lavei uma roupa e enxuguei uma lágrima Pendurei um quadro do que não se esquece com o tempo Hoje de manhã Desamassei um tormento

O passado é uma pessoa Parada, calada no canto da sala O passado é um navio Navega, gigante enfrentando a água O passado é um objeto Obeso, defronte ao oposto do espelho O passado é um comércio Começando azul e se entregando vermelho O passado é um ciclorama Cinema ligeiro onde o filme é a… Continuar lendo Passado pessoa

A gente se acostuma com o pensamento lento A gente se acostuma com a falta de clareza A gente se acostuma com a morte e a vontade de morrer A gente se acostuma em carregar o passado e menosprezar o presente De tanto se acostumar a gente normaliza a anti-normalidade do sofrimento mental Entregue neste… Continuar lendo A gente se acostuma

Dias de fúria Terror que não acaba Uma criança chora Outra pupila se dilata Tanques avançam Sobre a flor desabrochada Outro prédio que desaba Enquanto entardecia Que o mundo saiba e sinta Também existe amor em Gaza Mas ninguém nem percebia

E de tanto querer Sangue Violência Agressão A bala veio em sua direção

Quase tudo é inteligência artificial e muito pouco uso mental hoje eu vi um jovem digitando “como é que si diz eu ti amu?” Pobre rapaz, não precisava de AI só precisava de mAIs gramática na vida talvez mais dicionário, talvez ler um livrinho desses velhinhos, que há anos estavam ali até num sebo na… Continuar lendo O Sebo de A.I.

Andar é um descaso para quem voa Voar é um exagero para quem nada Nadar é um desespero para quem corre Na terra, na água, no ar Habilidades que te habitam Limitações que te demarcam

Gatilhos que atiram memórias e nao balas Armas em punho que machucam em lembrança e sentimento Não tem pólvora, mas povoa a mente Daquilo que intermitentemente não se apaga ao pensamento